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UMA ORIGEM ITINERANTE

O São Paulo Futebol Clube, em 1930, nasceu em berço de ouro. Fruto da fusão de dissidentes da seção de futebol do CA Paulistano com a AA das Palmeiras, o Tricolor, desde os primeiros dias de existência, contava com craques e um bom campo de jogo: a Chácara da Floresta.


Praça da Sé. Marco da reorganização do Tricolor em 16 de dezembro de 1935

O estádio, reformado pelo São Paulo ainda naqueles primeiros dias, era, contudo, bem mais antigo. O campo foi inaugurado pela Associação Athlética das Palmeiras em 27 de janeiro de 1904 (e melhorado, com a ajuda do Club Athlético Paulistano – que cedeu arquibancadas do antigo Velódromo, em 1916)


Reinaugurada pelo Tricolor com a realização do Torneio Início de 1930 (9 de março), a Chácara da Floresta foi a casa são-paulina até 14 de maio de 1935 (na verdade, por decisões judiciais, até agosto daquele ano).


Após a fusão com o Clube de Regatas Tietê, contudo, e o surgimento das dissidências do Clube Atlético Estudantes de São Paulo e do Esporte Clube Independente, o Grêmio Tricolor e o Clube Atlético São Paulo mantiveram vivas as glórias e tradições do clube, que foi definitivamente reestruturado em 16 de dezembro de 1935.


Nos primeiros momentos dessa nova fase, o São Paulo não possuía posse alguma. Foi reconstruído totalmente do zero. Tinha somente o amor dos torcedores e associados. Ainda assim, tentou através de negociações e fusões com o CA Paulista adquirir o direito de uso do Estádio da Rua da Mooca, de propriedade da Cia Antárctica Paulista. A primeira tentativa se deu ainda no final de 1935, até início de 1936. A segunda, em dezembro de 1936, cogitou até mesmo a mudança do nome do time para São Paulo Olympico Clube. Novamente não deu certo.


Em setembro de 1937, o Tricolor chegou a formar uma comissão pró-estádio, que bateu de porta em porta de figuras influentes – até mesmo na Prefeitura – tentando negociar e obter um terreno para construir seu estádio. O poder público não se interessou e nada fez.


A janeiro de 1938, a Comissão estava com avançadas negociações com áreas particulares no Bom Retiro e na Água Branca – infelizmente os locais exatos não ficaram registrados nos documentos disponíveis. Contudo, tais empreendimentos foram deixados de lado com troca de diretoria e com o surgimento de uma oportunidade que há muito o clube desejava...


O CA Estudantes Paulista (agremiação fruto da fusão do CA Estudantes de S. Paulo e do CA Paulista), que detinha o uso do estádio da Rua da Mooca, estava mal das pernas, e uma união com esse time resolveria a questão.


Assim, em 12 de setembro de 1938 foi oficializada a fusão e, a partir dessa data, a Rua da Mooca passou a ser o campo oficial do Tricolor. Mas o estádio, pelo qual o São Paulo passou anos lutando para obter, em pouco tempo ficou obsoleto e com alto custo de manutenção.

 

A solução provisória encontrada para o fato foi o acordo de 28 de maio de 1940, com a Prefeitura, para o uso preferencial do Estádio do Pacaembu, recém-inaugurado. Essa medida, que apenas priorizava datas para jogos do Tricolor, praticamente tornou o Municipal – que ainda não se chamava Paulo Machado de Carvalho – a casa são-paulina no início dos anos 40.


Antevendo, contudo, que o Pacaembu seria pequeno para os anseios de glórias e para a

crescente torcida tricolor, o São Paulo não se contentou com esse acordo.


Em 4 de maio de 1942, aprovando proposta de fusão ofertada pela Associação Alemã de Esportes, que alugava da família Vanucci um terreno no Canindé, o Tricolor mudou de ares. Primeiro como locatário, depois como proprietário (29 de janeiro de 1944, ao custo de Cr$740.000,00), o São Paulo tentou construir ali, nas margens do rio Tietê, a sua morada. Foi o primeiro terreno efetivamente do clube.


Contudo, não foi possível para o Tricolor erguer o pretendido estádio no Canindé, que se tornara a sede social e de treinamento dos atletas. A área, de 70 mil metros quadrados, não suportava um grande empreendimento e, devido ao projeto municipal de retificação do rio Tietê, o espaço foi reduzido ainda mais.


Uma ala dos dirigentes tricolores defendia, em 1943, antes mesmo que o São Paulo efetuasse a compra do Canindé, que o clube erguesse o estádio em outra área. Esteve em processo adiantado a aquisição de um terreno no bairro de Sumaré. Até mesmo planta baixa do local foi divulgada pela imprensa.


Contudo, esse projeto não vingou, e o clube permaneceu mesmo no Canindé, embora impaciente, inquieto e ávido por encontrar o espaço certo para se estabelecer definitivamente.


Em março de 1948, com o avançar dos trabalhos de retificação do rio Tietê, surgiram propostas para aquisição ou permuta de terrenos. Desta maneira, o Tricolor chegou a propor à Prefeitura a troca da área do Canindé por um descampado alagadiço ao lado do Parque Ibirapuera.


A Câmara Municipal da Cidade, porém, foi contra a ideia. Pouco tempo depois, em 1954, a

Prefeitura inaugurou o Parque no terreno maior, ao lado do prometido, pelos festejos do quarto centenário do município. Só restou ao São Paulo seguir em frente: vender o que restou do Canindé e procurar outros terrenos.


Com o descarte da ideia de permuta pelo poder público, o São Paulo voltou os olhos para terrenos da Light às margens do Rio Pinheiros. Em 1950, após análises, contatou-se que a área era pequena (45 mil metros quadrados) e a ideia teve que ser abandonada. A solução só veio no ano de 1951, quando dirigentes tricolores foram apresentados à Imobiliária Aricanduva, que detinha um grande lote de terras na então subprefeitura de Ibirapuera, no que hoje é o bairro do Morumbi.


Após meses de negociações, também junto à prefeitura, para alteração do projeto original de loteamento, o São Paulo adquiriu no dia 4 de agosto de 1952, via doação da Aricanduva, a primeira parte do terreno onde ergueu, nos 18 anos seguintes, o Estádio Cícero Pompeu de Toledo.


 

AS SEDES



1. Chácara da Floresta: Bairro da Ponte Grande.

De 26 de janeiro de 1930 até 28 de julho de 1934.


2. Palácio do Trocadero: Rua Conselheiro Crispiniano com Praça Ramos de Azevedo.

De 28 de julho de 1934 até 14 de maio de 1935.

Uma espécie de palacete para festas e bailes para a sociedade paulistana da época. Existem muitas lendas a respeito deste local e os custos que gerava para os cofres são-paulinos, mas,em verdade, os eventos ali realizados bancavam por si só os valores de operação da sede.


3. Praça Carlos Gomes, 38

De 22 de janeiro de 1936 até 30 de outubro de 1936.

Basicamente, um porão alugado com o dinheiro arrecadado entre os sócios. Conta-se que o espaço era tão pequeno, que nas reuniões era necessário haver revezamento dentro da sala para que assim todos pudessem acompanhar os debates. Lá, o São Paulo ficou por volta de um ano.


4. Edifício América (Martinelli): Rua São Bento com Avenida São João – 11º andar.

De 30 de outubro de 1936 até 20 de janeiro de 1937.

No famoso Edifício América, também chamado Martinelli, o São Paulo ficou pouco tempo, no máximo uns dois meses. Curiosamente, no passado, sediou-se ali, no 7º andar, o Grêmio Tricolor, o grupo de são-paulinos que não deixou o São Paulo desaparecer em 1935.


5. Avenida São João, 1001 – 1º andar

De 20 de janeiro de 1937 até 19 de setembro de 1939.

Situado onde hoje é a Praça Júlio Mesquita, nº 105, o pequeno e antigo prédio era de posse da firma de Ortiz e Gutierrez, que alugara o 1º andar para a administração do São Paulo. Foi nesse local que nasceu o Grêmio São-Paulino, a primeira torcida organizada do Brasil.


6. Edifício Santa Victória: Rua Dom José de Barros, 337

De 19 de setembro de 1939 até 29 de janeiro de 1944.

Após a incorporação do Estudantes Paulista, o São Paulo necessitava de maiores e melhores aposentos para tantos sócios a mais. Assim, transferiu sua sede para o pequeno arranha-céu (10 andares) situado ao número 337 da Rua Dom José de Barros, onde ocupou 17 salas do 4º andar, e outras duas salas do 2º. O aluguel de todos os cômodos custava ao clube Cr$ 2.850,00 mensais.


7. Canindé: Rua Pascoal Ranieri, 4

Sede administrativa de 29 de janeiro de 1944 a 29 de setembro de 1949.


Sede Social do Canindé


8. Avenida Ipiranga, 1267

De 29 de setembro de 1949 até maio de 1978.

Sede de gala – afinal, possuía um belíssimo restaurante, gerido por chefes de cozinha e servido por garçons que trabalharam para a Casa Real Britânica. O São Paulo ocupou ali três andares (11º, 12º e 13º), possuindo, além do restaurante, um salão de jogos e o salão administrativo. Ulysses Guimarães, importante político brasileiro, também lá locava um andar inteiro para uma de suas publicações.



Posse do terreno do Morumbi

9. Morumbi: Praça Roberto Gomes Pedrosa, 1

Sede social desde 30 de setembro de 1962 e sede administrativa desde 1978.



Autor: Michael Serra

Pesquisa: Michael Serra, Katia Othi e Paulo Santos

Fotografias: A Gazeta Esportiva, Acervo de Celso Unzelte, Arquivo Histórico do São Paulo FC, Folha de S. Paulo, Geoportal, H. Bannwart O Esporte, O Globo, Rubens Chiri


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